POEMAS


PRECE CELTA

Que a Luz da tua alma cuide de ti.
Que toda a tua preocupação e ansiedade por envelhecer sejam transfiguradas.
Que te seja concedida uma sabedoria com o olho da tua alma, para enxergar esse belo tempo de colheita.
Que tenhas o compromisso de colher a tua vida, cicatrizar o que te feriu, permitir-lhe chegar mais perto de ti e fundir-se contigo.
Que tenhas grande dignidade, que tenhas consciência do quanto és livre e, acima de tudo, que te seja concedida a maravilhosa dádiva de encontrar a luz eterna e a beleza que está no teu íntimo.
Que sejas abençoado e que descubras um amor maravilhoso em ti por ti mesmo.
Rogo ao céu, ao mar, ao vento e à montanha.
Que testemunhem a chegada da felicidade aos que a buscam por caminhos singelos e verdadeiros.
Que não venha por via das mágoas, de rancor e de tristeza.
Que venha por meio da luz que chega junto ao alvorecer e que nunca dissipa nem mediante à força da tempestade sempre retornando fraterna na calmaria.
Que as forças que nos unem, a natureza e a vida se empenhem, de continuar nossa existência sob e sobre o firmamento, entre carícias e espinhos ocultos em nossos dias.
Que nossas auras se fundam à força e poder do Espírito Maior.



MARINHAS DE VINNA
                                                        Milton Rezende

Tábuas e pincéis compondo perspectivas de azuis caminhos nas águas de Mina. Wall and bridges interrompendo os verdes dos juncos, ao redor de paisagens recuperadas. Cavalos a toda brida nos levam a estreitos caminhos cavados nas encostas dos morros: paisagens nórdicas, mineiras e paulistas equivalem-se no absoluto do mundo, afinal diluído em contornos de magia, de luz e sombras em meio aos destroços do navio, como se a vida fosse isso – árvores de frio, anjos com substância de crianças, orquídeas de vidro, estampas de pátinas brilhando à sombra dos mistérios e pássaros de lata despertando Maras. Fileiras de peixes nas trilhas do universo e os sinais e os signos que saltam ao chamamento das águas. Estenografia de códigos rompendo o silêncio e o diário de Jonathan esquecido nos caixotes do castelo de Mairiporã. Nada afinal daquilo que fosse submerso, subterrâneo: tudo dista. A esperança atravessou a quilha e não encontrou nada além da terra nativa pulverizada de cinzas e os fantasmas. E parecia simples seguir o diário de bordo. O capitão já estava morto e amarrado ao leme. A meia linha inteira que nunca se concretiza. O camarote, o beliche e aquela escotilha que nunca se fecha de noite, as vagas do mar bem dentro, o meu esforço supremo de escrever e o ateliê de sensibilidades de Vinna.













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